Nina está na fase de desfazer e organizar tudo. Ela resolveu aproveitar o feriado de Corpus Christie, o último feriadão do ano, para arrumar os armários da cozinha e da geladeira.
Enquanto listava todos os ingredientes (de acordo com a validade) e jogava alguns deles fora, Nina encontrou: uma massa de phyllo no fundo do congelador, jasmin seco, pimenta da Jamaica e peras Willians.
Estes não são propriamente os ingredientes de um típico prato de rua de São Paulo. Tampouco Nina vende comida na rua. Mas isso não impediu que aqueles achados dessem origem a mais um novo prato e post do Gourmandise: pêra em infusão de jasmin e pimenta.
A gastrônoma Nina Moori, acompanhada por Marcel Miwa, toca há pouco mais de um ano o blog Gourmandise, onde os internautas encontram uma série de receitas culinárias, além de uma lista de blogs sobre comida. Em um ano de experiência virtual, foram publicados cerca de 450 posts. Mais de um por dia!
Paulistana de 30 anos, Nina leciona Confeitaria, monta cardápios, além de escrever para o blog, que ocupa a maior parte de seu tempo. Em entrevista, por e-mail, ao Comida de Rua, ela lembrou uma dúvida recorrente deste blog. Feira é comida de rua?
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Você come comida de rua?
Antes eu comia mais, quando estava na faculdade. Muito sanduíche, batata chips, pastel, acarajé, cocada, amendoim, pão de queijo, algodão doce e pipoca. Hoje fico mais na pipoca e no acarajé do Ceagesp (feira é comida de rua, certo?).
Por que faz tanto sucesso a comida de rua em São Paulo?
$, sem dúvida! E também pela correria em que vivemos. Noto que, em todos os pontos de ônibus que lotam, tem um vendedor (ou mais) de comida. Espera-se o ônibus e come-se alguma coisinha.
Qual dos pratos de rua é o predileto dos paulistanos?
Agora fiquei em dúvida! Pensei no cachorro-quente X yakisoba X pipoca.
Você é a favor da regularização dos vendedores ambulantes de comida? Por quê? Quais seriam os pontos positivos e negativos?
Não, sorry vendedores ambulantes! Veja bem, vivemos no Brasil. Se nem os restaurantes, bares e afins regularizados não são fiscalizados corretamente, imagina os ambulantes.
Ponto positivo: ninguém precisaria sair correndo quando chega o Rapa.
Ponto negativo: se regularizar, o preço sobe e a concorrência com um estabelecimento que possui mesa e cadeira começa a ficar desigual.
Qual a comida de rua mais estranha que você já viu (seja em São Paulo ou em qualquer lugar do mundo)?
O cachorro-quente vendido aqui. Tem tantos componentes que a salsicha se sente intrusa. E ainda é prensada!
Se você tivesse que criar um prato para vender nas ruas de São Paulo, em que pensaria?
Criar não, copiar. O sanduíche de falafel. No Brasil, o falafel é servido como refeição (acho que todos os restaurante árabes servem). São confeccionadas com grão de bico seco e fava verde, temperado com cebola, muita salsa e hortelã, tudo em formato de pequenas almôndegas e frito. Para o sanduíche (no pão sírio), fazem redondinhas e menores, acompanhado de repolho finamente fatiado, molho tahini e pepino azedo. Pode incluir homus.
Qual o seu prato predileto?
Acho que não tenho um predileto. Tenho ingredientes e cozinhas prediletas, que variam conforme a fase. Já tive a fase do cardamomo, pimenta verde, dos integrais, da soja, da lavanda, da flor de sal, pinhão… No momento estou fã da cozinha coreana e esperando ansiosa pelas comidinhas de quermesse.